Friday, April 10, 2015

Alô

" Abriu os olhos, já era quase noite. O cochilo da tarde demorou muito para acabar. Uma pena, tinha planos para ver o pôr do sol, ou simplesmente aproveitar melhor o dia de folga. Tava com saudades até de andar no bairro onde mora. Sufocado pela falta de tempo, poucos eram os amigos que via, mas todos eram por acaso. Pegou o celular para ver as horas, alguma mensagem, ligações perdidas. Nada. Esquecimento total. Pensou em ligar para algumas pessoas, mas lembrou que ainda era cedo, no meio da semana. Claro, ainda estavam trabalhando, não iria conseguir ver ninguém.

Levantou já com o banheiro em mente e foi direto. Escova de dente usada recentemente já estava em mãos, sentia um gosto amargo na boca, e não era do almoço. Não importava, ia embora agora. Com o sabor do creme dental, vieram outras lembranças. Pensou em ligar mais uma vez, dessa vez a alguém especial... ou nem tanto. Apenas sentiu falta, talvez. A volta ao quarto iria esperar mais um pouco, deveria beber um copo d'água para molhar a garganta seca. Bebeu pensando se uma cerveja seria melhor, ou se a água bastava. Percebeu que acordou com muitas vontades, e obviamente, muitas saudades.

Voltou ao quarto. Calor. Ventilador ligado, mas ainda sim, muito calor. Já não tinha um sol forte brilhando, mas o clima de primavera ainda era quente. Pegou o celular já com nomes no pensamento. Preferiu ver primeiro aplicativos de mensagens, ver se teve uma lembrança. Algumas mensagens do trabalho, outras não. Respondidas, percebeu que com quem queria falar, não deu sinal de vida. Era hora de ligar, claro. Ouvindo o som do chamado no outro lado da linha, percebeu que não pensou em alguma possível desculpa caso fosse preciso. Não importava, não era hora para mentir, ainda estava um tanto sonolento.
- Há quanto tempo! - Era ela, reconheceria essa voz mesmo sem precisar ouví-la com precisão. - Que milagre é esse de você lembrar de mim?
- Deixe de ser sem graça, você sabe muito bem que não ando tendo tempo de mais nada. Está tudo bem com você? - Não mentiu. De fato, seu tempo livre foi reduzido, e quando tinha tempo, às vezes só queria descansar.
- Tudo ótimo, sumido. E com você? - Era notório em seu tom de voz que estava feliz em falar com ele. Sem pressa, sem tentativa de encerrar o assunto. Apenas queria ouvir dele que estava muito bem.
- Tudo bem comigo também. Bateu uma saudade de você, ai decidi ligar. - E mais uma vez, não mentiu.
- Saudade, ou solidão? - Já o conhecia bem. Seus momentos solitários eram sempre um com o outro, não adiantava negar.
- Saudade mesmo. Da solidão eu não sinto falta. - A piada era inevitável, mas mais uma vez não mentiu. Como sentir falta de algo que nunca foi embora?
- Ah, sei. Ta fazendo o que hoje? Ta de folga?
- Tô de folga sim. Hoje eu pensei em fazer algumas coisas, juntar umas tralhas pra jogar fora, ou doar, não. Acabei de cochilei mais do que deveria.
- É, eu lembro do seu sono quando cansado.
Ah, fala sério, não quero falar sobre isso. Vai fazer o que hoje?
- Até então, nada, mas quando você me liga, sempre surge um convite. Qual a ideia?
- Me conhece mesmo, né? Nada demais, só um vinho aqui em casa e atualizações de vidas. Topa?
- Na hora. Mas poderia ser aqui na minha casa? Não tô tão bem para sair.
- Tudo bem, chego em uma hora.
- Massa, to esperando. Uma hora, não se atrase.

O término da conversa sempre é assim, um sorriso sincero, uma boa lembrança, uma boa oportunidade de carinhos e desejos que por muitas vezes colocados de lado. Um banho, uma roupa legal, um bom perfume e cabelos penteados. Barba devidamente comportada. Chaves do carro em mãos. Tudo garantido. Esqueceu de perguntar se petiscos seriam bem-vindos, mas com certeza não haveriam motivos para recusar. Ao sorriso bonito que a alma dava, mesmo sendo um reencontro simples, dava uma forma de sentir-se vivo sendo uma boa companhia já estando em boa companhia. Sentir o calor sem precisar tocar. Sentir a barriga doer de tanto gargalhar. Ou apenas sentir."

Monday, October 21, 2013

Ao Ponto que Chegamos sem Irmos

Ser normal é anormal. No mundo moderno de hoje, vemos pessoas sentirem orgulho de quem são, independentemente de cor de pele, religião(ou não) e até das roupas que vestem. O importante é ter orgulho de si mesmo. Essa é a regra. Mas esse também é o problema. Orgulho demais tem o poder de afastar oportunidades. Umas boas, outras não, mas não deixaram de ser oportunidades. O problema que as oportunidades que recebemos são colocadas por pessoas. Que por sinal, também se afastam conforme o orgulho de muitos. Se todo mundo pensasse bem antes de fazer algo, o mundo seria menos poluído.

Poluição não é referente ao assunto de sustentabilidade. A sustentabilidade tem seu preço alto, e não é simbólico. Cada centavo imposto no preço é um esforço cansado. E lá vem mais uma vez o cansaço dos esforços alheios. O pior de tudo isso, é que em pleno século 21, ainda existem pessoas que, mesmo que você seja o cara mais legal do mundo, não te aceitam por ser assim, e sim por algo que você poderia ser, mas por questão imbecis, fez a escolha errada. Mas afinal, que escolha errada? Escolher é perder sempre, mesmo que se faça uma escolha certa. O importante, no fim das contas, é escolher. O problema, é que algumas escolhas suas são impossibilitadas . Mas quando se existe vontades, existem jeitos.

Toda pessoa que não mantém sua presença para outras pessoas, tornam-se fantasmas de algo que veio e foi. Decepção é uma forma de "matar" uma pessoa no seu catálogo de reconhecimento social. Cada pessoa que lhe decepciona está predestinada a ser um fantasma na qual farão questão em ser esquecido. E um fantasma esquecido torna-se uma assombração. E essa, é definitivamente, a pior parte. Em ambas as partes, as assombrações são peças chaves para descrever momentos e desgostos, mas sempre no exagero. Nem toda assombração está vagando por ai por algo ruim, e sim pelo distanciamento que a vida fez o favor de causar. Por sua vez, essa assombração é mais complicada de existir. Facebook e outras formas de contato existem hoje em dia, foi-se o tempo das cartas e bilhetes escritos num pedaço de papel. A importância da lembrança anda completamente apagada, assim como as velas que nunca foram acesas para o tal fantasma esquecido.

O importante é competir. Se uma pessoa não te aceita do jeito que você é, faça-a tornar-se uma assombração, ou simplesmente um fantasma, fica na sua escolha. Mas sem esquecer, claro, que escolher é perder sempre. Robert Johnson fez sua escolha quando encontrou o Diabo na encruzilhada das estradas 61 com a 49 Clarksdale, no Mississippi, e deu no que deu. Se sonhamos com uma pessoa que há tempos não vemos, não custa nada a escolha de mandar uma mensagem, seja lá como for a maneira, o importante é o contato. Se a indiferença for mais forte, significa que o orgulho é muito maior. Indiferença não é o oposto do amor, é o oposto de tudo que une nessa vida. Unificar-se com outras pessoas vão além de sentar e conversar sobre gostos em comum, entre outras coisas. Assim como a indiferença é muito mais do que um simples "até logo".

Sunday, April 14, 2013

A Vida, o Mundo e as Páginas

Ontem, quando compartilhei o link da minha opinião sobre O Pequeno Príncipe, e posteriormente recebi um comentário privado de que eu lia muitos livros da qual ninguém se interessava mais. Antes de levar em consideração de que eu recebi uma opinião pessoal e privada e vir aqui soltar os cachorros, vou falar mais ou menos do meu lado profissional, pois trabalho numa livraria e sei o quando as pessoas procuram, compram e presenteiam O Pequeno Príncipe. Agora posso soltar os "cachorros". Eu fico me perguntando o que as pessoas procuram nesses blogs literários. Provavelmente devem procurar livros do Nicholas Sparks, ou coisas parecidas com 50 Tons de Cinza, o que me deixa impressionado e entristecido com algumas várias pessoas. Entendam, eu não tenho nada contra as pessoas que procuram a literatura moderna, atual e em alguns caso, mal escritas. Mas eu, particularmente, fui atrás das influências antes de conhecer o que tem nas livrarias hoje. Várias editoras investiram pesadamente em títulos que iriam lhe render muito dinheiro. Claro, elas são uma empresa, como qualquer outra. Mas mesmo entendendo seus motivos, não podem me obrigar em concordá-los. A Editora Intrinseca além de publicar a saga Crepúsculo e ganhar dinheiro, muito dinheiro com isso, lançou recentemente a Trilogia 50 Tons, e adivinhem, mais dinheiro no bolso da editora. Fortaleço mais uma vez o meu pensamento que o problema não é como as editoras trabalham, e sim o que elas escolhem para lançar, e para minha alegria, a mesma editora lançou A Culpa é das Estrelas e O Teorema Katherine, ambos do escritor John Green, e um "discreto" livro chamado Extraordinário, escrito por J. R. Palacio. Na minha opinião pessoal, dois dos maiores acertos da editora. Isso porque nem falei do discretíssimo e ótimo livro O Homem Máquina, do Max Barry.

Mas vem minha atual questão. Alguém que me "cobra' ler livros que estão na atualidade, sabe me dizer o que une algumas obras com outras obras. Comparar George R. R. Martin com J. R. R. Tolkien é fácil, quero ver gente me dizendo onde O Senhor dos Anéis se encontra com As Crônicas de Nárnia, e até mais fácil, como me dizer a "semelhança" entre o próprio George R. R. Martin com William Shakespeare. Quero ver alguém me explicar onde Admirável Mundo Novo, 1984, Fahreinheit 451, Ensaio Sobre a Cegueira e o nosso mundo real tem em comum. Quero ver me dizer quem perdeu-se primeiro no mar aberto, Max e os Felinos, ou A Vida de Pi. Quero ver alguém imaginar o que aconteceria se Sherlock Holmes tomasse um café com Hercule Poirot. em Londres. Ou pior, se o professor James Moriarty unisse forças com Arsene Lupin, no que poderia acontecer com o mundo? É sobre isso, e outras coisas, que pessoas que só procuram ler o que foi lançado ontem, não conseguem responder.

Depois não entendem porque sou fã assumido da Companhia das Letras, que mesmo lançando o que é novo, tendem a criar novos clássicos. O mundo dos livros já foram muito melhores, quando todos os escritores eram tratados como artistas, e não como opções de leitura. E ainda falam que O Pequeno Príncipe está ultrapassado. Saudades dos tempos do Harry Potter...

Wednesday, August 29, 2012

Pessoas Certas

Eu, definitivamente, sou uma pessoa que odeio responsabilidades. Isso tá escrito na minha testa, por sinal, não é novidade pra ninguém, nem nunca vai ser. Mas isso não significa que eu nunca tentei ser uma pessoa melhor, ou mais responsável, ou seja lá o que for. Eu tento, tento, tento, só pra ser alguém melhor. Mas é foda, acho que não nasci pra isso mesmo. Quanto mais eu durmo, mais quero dormir, e quando acordo já penso na hora de dormir de novo. Não, mentira, não é bem assim. Mas quando acordo me pergunto porque acordei pra mais um dia onde todo mundo que não tem condições nenhuma de falar nada sobre ninguém, vai apontar os dedos pra mim e dizer que sou incapaz ou não sou o suficiente. Mas, pera, como assim? Onde foi que você viu do que eu sou capaz antes mesmo d'eu tentar? É, eu sei, tenho cara de gente molenga, admito. Mas se você me deu uma chance de falar, me dê uma pra agir. E por falar nisso, será que agi certo todo esse tempo?

Quando eu me coloco na posição de agir, faço as coisas sem pensar, e só penso nele quando a merda dá certo, ou dá em merda. Sim, eu sei, isso é impulso, mas porra, tudo que ganhei na vida foi um impulso. Talvez não tivesse estímulo, mas impulso eu tive, e ainda tenho. Mas impulso é muito esforço pra um gordo como eu, cansa demais, ainda mais quando você sabe que chegou no alvo e sempre rola de não chegar no alvo. Quanto mais se pula, mais alto o foco está. E estímulo pra pular mais alto? Nem rola. Acredito que quando você quer algo que não pode você mesmo fazer, é só pedir com jeitinho e pronto, lá está o seu desejo pronto. Mas e quando alguém não sabe pedir nada? Ordem? É sério? Logo com uma pessoa prestativa que se desdobrou em nome da libertação do ninho de cobras? Pensei que gentileza gerasse gentileza, mas vi que estou errado, e cada vez mais errado. Acho que vou entrar pro grupo de gentileza despedaçada, assim arrumo cola pra ver se fica novo de novo. Mas porra, vou ver como isso vai ficar... ou não.

Eu andei demais por lugares onde eu nunca quis andar, mas ficar, só em um. E isso não foi ruim, porque aprendi coisas boas com isso. Eu admiro um local em especial que um dia eu gostaria de voltar lá, mas acho que só rolaria sozinho, não sei. Mas eu queria voltar logo, tipo, agora, só que antes de ir lá eu tive que morar em um lugar onde sufocar pessoas é a coisa mais natural do planeta. Não rolam assassinatos assim, claro, mas deixar as pessoas presas é algo comum demais por lá. Eu tive que aprender que mesmo não estando onde eu mais queria, tem gente pior do que eu, não tendo nem a possibilidade de ter uma oportunidade de mudança. Coisa simples, mas que faz um peso e fez diferença na balança. Aprendi como é ser pai, mesmo sendo só de cadelas, gatas e um gato vesgo que não gosta de mim de forma alguma. Aprendi como fazer feijão e arroz refogado no azeite com cenoura. Aprendi a limpar uma casa, mesmo às vezes eu vendo que ainda tá suja pra caralho. Aprendi que sexo todos os dias não me faz bem. E aprendi que mesmo com tudo isso, não sou o suficiente, sabe-se lá por quê. Porque eu me conheço, sei que falho, mas sei que acerto. Sei que falo merda, mas sei que falo coisas construtivas. Sei de muita coisa sobre mim que tem gente por perto que nem imagina. A cobra e o gato que o digam!

Acordar cedo pra fazer café é fácil demais, junto com o feijão, isso é fichinha. O foda é ouvir um elogio com coisas que faço fora da cozinha. Raro demais. Sem falar na forma de falar, ou pedir, como já comentei. Isso me incomoda por demais, me deixa completamente desprovido de vontade de fazer algo que mude, porque por mais que tente, eu sei que nunca vai mudar. A teimosia é mais forte do que qualquer boa vontade que possa existir nesses momentos, então fico calado, porque sei que assim, por mais que não transmita nada, vou sair ganhando. As cavernas na minha vida já se foram, aprendi a me comunicar como uma pessoa civilizada que prefere animais do que gente. Não sei manipular pessoas, nem sei ser manipulado. Sei fazer as minhas vontades e meus desejos, mesmo que envolva outras pessoas. E se quiser ser uma dessas, tem algo que precisa saber. ;)

Desabafo besta, don't hory.

Sunday, April 08, 2012

Rabiscar e Arriscar


Não, nada está diante de ninguém, pelo menos publicamente. Não quero expor ninguém, claro, muito menos falar mal de pessoas, principalmente pessoas que receberam meus valores. Eita, eu falei de valores. É, valores, mas depois eu falarei dos valores. Vamos falar de felicidade. Felicidade é facilmente confundido com momentos felizes. Não estou falando do momento, estou falando da permanência. Você está em sua vida pacífica, sem medos, sem pudores, sem momentos marcantes, sem dinheiro, sem uma vida eletrizante, e conhece uma pessoa especial. FODA! Essa pessoa possui uma vontade de gritar enorme. Grito esse que será dado, e ouvido por um bom tempo. Incomodando ou não, ele pairá pelo ambiente.

Diante de quem mexeu com quem, existe uma lembrança, ou uma saudade que ficará quando os dois forem embora. Aquele momento de despedida que você não sabe se vai vê-la por um bom tempo, ou se será nos dias próximos. Essa dúvida massacra qualquer ser humano pensante e sensitivo. Sentir saudades é como sentir fome, só que o alimento é completamente diferente, e tão saciável quanto. A ansiedade é algo que convive diariamente nos desejos de ter os bons momentos de volta ao presente rotineiro. Rotina essa que também será contata mais adiante. O problema é o arriscar.

Arriscar é o ato mais nobre de todos os tempos, independentemente da intenção. Hitler não lascaria a vida de tantos judeus se ele não arriscasse as suas palavras de ordem. Osama Bin Laden não lascaria os americanos se ele não arriscasse as vidas de uns terroristas que sabiam pilotar aviões. E eu, por minha vez, não saberia viver se não soubesse arriscar tudo que já arrisquei em toda minha vida. Meus riscos foram baseados em crenças. Acreditar em mim mesmo nuca foi uma tarefa fácil, mas eu me vi com uma facilidade em fazer as pessoas acreditarem em mim. Se elas acreditam em mim, porque eu não? Não custou nada arriscar. Então pronto, agora eu sou o melhor do mundo, e ninguém vai me impedir de nada. Ops...

Não, não, nunca me impediram de nada, nunca mesmo. Mas dessa vez, meu pior inimigo foi eu mesmo. Eu arrisquei algo que tiraria minha liberdade. Arrisquei ir pra um estado onde eu não conhecia e no fim das contas, deu tudo errado. Vivi de um jeito muito bom, mas com pouca maturidade, e isso me custou uma tristeza enorme, mas passou. Ai prometi a mim mesmo que não faria isso mais uma vez. Arriscar tudo em nome de outra pessoa que possa destronar sua vontade no simples ato de egoísmo. Então, me fechei, fiquei na minha por um bom tempo, poucas pessoas falavam comigo, e quando falavam, falavam pouco. Sumi mesmo, dei um tempo do planeta e fui construir o meu próprio reino. Claro, mais uma ilusão. Na verdade, eu estava me sentindo mal por não ter sido o suficiente, por não ter tapado uma panela que poderia fazer boas refeições. Deeeepois disso tudo, pensei comigo mesmo como eu poderia deixar isso ganhar força. Não, eu não poderia deixar, eu queria viver mais uma vez, ou viver pela primeira vez, mas de verdade. Então, fui vivendo, e vivendo, ai conheci um outro alguém a qual valeria arriscar meus esforços. Bonita, inteligente, esforçada, desejada e admirável. Eram essas as primeiras impressões de um alguém novo na minha vida. Resumir uma pessoa como ela seria como dizer que uma plantação de cana de açúcar seria o suficiente pra deixar todo mundo gordo. Resumir uma pessoa boa é não ter lógica nas palavras. E porra, se era pra não ter lógica em falar com ela, porque ter lógica na hora de viver? Fui arriscar mais uma vez.

Eu fui pro fundo do poço e me levantei, não seria em nome de um "medo" de me relacionar que faria eu voltar ao fundo do poço e cavar mais ainda. Não mesmo! Eu queria era ser eu mesmo pra um outro alguém. Ser feliz e dessa vez causar felicidades. Ser eu mesmo sem ter medo de errar e pedir desculpas. Viver mesmo, de verdade. Ai pronto, lá fui eu. Mas como, como uma pessoa que sabe tratar outras por igual pode merecer algo de ruim? Não sei responder até hoje. e nem vou me esforçar pra responder. Estou esgotado, infelizmente. Eu estou em um momento de dúvidas. Por que isso tudo foi acontecer comigo? E já que aconteceu, por que eu não dei um basta? Porra, sinceramente, nenhum ser humano merece ser desmerecido. Eu não mereço nada do que eu não precise me esforçar pra tê-lo na minha vida, eu admito. Mas eu mereço minimamente se tratado bem, ou por igual. Eu sempre me desdobrei pra ser alguém melhor, até. Nunca medi esforço pra ser eu mesmo, e nunca medi esforço pra ser algo que talvez outras pessoas quisessem que eu fosse. Claro, sem me moldar. O foda, o pior de tudo é que eu não sei mais o que fazer da minha vida. Pessoas vivem me mandando mensagens dizendo que sentem falta de mim, que minhas opiniões fazem falta pelo simples fato delas sempre honestas e sem malícias. Tantas pessoas que me faziam ser alguém, hoje, estão todas longe de mim, tudo em nome de um risco que corri e não recebi o devido tratamento adequado pra ter mais e mais forças pra não deixar o tempo parar. Mas é foda, por mais que eu me desdobre, eu nunca sou o suficiente, eu nunca faço o suficiente. E se faço, foi de uma forma errada, de um jeito errado, com palavras erradas. Eu e qualquer ser humano no mundo merece ser reconhecido, nem que seja pelo torrão de açúcar que será colocado no café. Por que de tantos gritos? Por que a pose de que sempre sabe o que está fazendo? Por que acha mesmo que essa é a melhor forma? Cansei, cansei até de mim mesmo. Cansei da rotina que fomos obrigados a conviver. Cansei de ser criticado em formas de piadinhas com a força de uma faca perfurando meus tímpanos. Cansei de não ser o suficiente.

Qual o seu tamanho diante dos medos que você sente em viver? Qual a sua força em viver de um jeito que você não queira? Qual o motivo que você tem em se proteger de uma agressão que não existe? Como você acha que as pessoas vão lidar com a sua má vontade de conviver? E por que eu? Talvez eu possa lhe ensinar algo bom nessa vida, com toda certeza. Todos sabemos as diferenças que temos no convívio que temos, mas como isso pode ser culpa minha? Não, eu não sou culpado de nada. Na verdade, sou, sou culpado em talvez ter tido uma vida que todos desejavam ter e nunca tiveram, mas eu nunca escolhi quem entraria na minha vida, só fiz escolher quem permaneceria, e só. Você deveria cuspir na cara de uma só pessoa, não na de todos. Deveria separar o que é bom e ruim pra você. O que deveria ser consertado, não esperar que seu futuro vá resolver, porque não sei. Cicatrizes no corpo podem até sinalizar algo relacionado a dores, mas essas dores ficarão se você quiser, se não fizer nada pra mudar, se não se mover. Independe-se! Corra atrás independentemente de estar com alguém, porque ninguém é pra sempre. Foi assim que aprendi, e é assim que funciona. Seus momentos de Lisbeth Salander passou há tempos, seja um Mikael Blomkvist, está em tempo. Corra! Mova-se! Mas não me espere, não espere ninguém. Seja quem quiser ser, mas seja de forma mais aberta possível. Porque do jeito que tá indo, ninguém fará nada por ninguém.

Está mais do que provado que os nossos caminhas estão se dividindo. Cada dia a mais algo mais distante me chama em voz alta na minha cabeça, e sinto vontade de ouvir seu chamado e ir atrás. Não, não é ninguém, é algo, um sonho. Porra, se você pode ir atrás dos seus, deixa eu correr atrás dos meus. Deixa eu ser alguém melhor, alguém que eu saberei que será o suficiente. Alguém saciável. Eu não desejo nada de ruim pra ninguém, nada mesmo. Pro nosso bem, seja o que você sempre quis ser! Eu quero que as pessoas na qual eu convivi sejam melhores do que eu, até. Mas isso não significa que eu não queira ser ninguém. Eu quero, eu vou e eu posso!

http://www.youtube.com/watch?v=8VZOZL2_Vg4

Sunday, June 05, 2011

Saudades


"Sinto saudades de tudo que marcou a minha vida. Quando vejo retratos, quando sinto cheiros, quando escuto uma voz, quando me lembro do passado, eu sinto saudades... Sinto saudades de amigos que nunca mais vi, de pessoas com quem não mais falei ou cruzei... Sinto saudades da minha infância, do meu primeiro amor, do meu segundo, do terceiro, do penúltimo e daqueles que ainda vou ter, se Deus quiser... Sinto saudades do presente, que não aproveitei de todo, lembrando do passado e apostando no futuro... Sinto saudades do futuro, que se idealizado, provavelmente não será do jeito que eu penso que vai ser... Sinto saudades de quem me deixou e de quem eu deixei! De quem disse que viria e nem apareceu; de quem apareceu correndo, sem me conhecer direito, de quem nunca vou ter a oportunidade de conhecer. Sinto saudades dos que se foram e de quem não me despedi direito! Daqueles que não tiveram como me dizer adeus; de gente que passou na calçada contrária da minha vida e que só enxerguei de vislumbre! Sinto saudades de coisas que tive e de outras que não tive mas quis muito ter! Sinto saudades de coisas que nem sei se existiram. Sinto saudades de coisas sérias, de coisas hilariantes, de casos, de experiências... Sinto saudades do cachorrinho que eu tive um dia e que me amava fielmente, como só os cães são capazes de fazer! Sinto saudades dos livros que li e que me fizeram viajar! Sinto saudades dos discos que ouvi e que me fizeram sonhar, Sinto saudades das coisas que vivi e das que deixei passar, sem curtir na totalidade. Quantas vezes tenho vontade de encontrar não sei o que... não sei onde... para resgatar alguma coisa que nem sei o que é e nem onde perdi... Vejo o mundo girando e penso que poderia estar sentindo saudades Em japonês, em russo, em italiano, em inglês... mas que minha saudade, por eu ter nascido no Brasil, só fala português, embora, lá no fundo, possa ser poliglota. Aliás, dizem que costuma-se usar sempre a língua pátria, espontaneamente quando estamos desesperados... para contar dinheiro... fazer amor... declarar sentimentos fortes... seja lá em que lugar do mundo estejamos. Eu acredito que um simples "I miss you" ou seja lá como possamos traduzir saudade em outra língua, nunca terá a mesma força e significado da nossa palavrinha. Talvez não exprima corretamente a imensa falta que sentimos de coisas ou pessoas queridas. E é por isso que eu tenho mais saudades... Porque encontrei uma palavra para usar todas as vezes em que sinto este aperto no peito, meio nostálgico, meio gostoso, mas que funciona melhor do que um sinal vital quando se quer falar de vida e de sentimentos. Ela é a prova inequívoca de que somos sensíveis! De que amamos muito o que tivemos e lamentamos as coisas boas que perdemos ao longo da nossa existência..."

Clarice Lispector

Thursday, June 02, 2011

A Vida Diante do Mundo


Pode até ser que esse título esteja preciptado, mas entendam, todos nós estamos sujeitos em pensar nisso um dia, nem que seja realmente um dia na vida. O problema, de fato, não são os que pensam pelo menos uma vez na vida, e sim os que morrem sem pelo menos tentar pensar. Me refiro em tentar pensar, porque cá entre nós, existem culturas que de fato foram feita pra quem não pensa. O pagode e o funk estão ai pra provar isso. Mas como eu não vim pra falar dos que não pensam, e sim pra falar com os que pensam, vou mudar logo de assunto.

A vida. A vida, assim como o velho Joseph Climber, é definitivamente uma caixinha de surpresas. Não só pelo que ela lhe reserva, mas também pelo que ela lhe oferece. Eu, particularmente, andei demais por esse mundo e conheci várias qualidades de pessoas. De bom caráter, até as de caráter negociáveis. Eu sei que conversando com pessoas, seja lá qual for a qualidade de seu caráter, aprendi um monte de coisas na vida. Quando passei um tempo em São Paulo, antes de chegar a ir, de fato, minha mãe sempre vivia me falando que muitos paulistas tem preconceito com nordestinos e que eles iriam me humilhar lá. O engraçado disso tudo é que de todos que conheci lá, o único que eu de fato não tive a simpatia, era pernambucamo como. E pra lascar tudo, ele morava no mesmo bairro que eu. Só usei esse exemplo pra ilustrar a ideia da "caixinha de surpresas" da vida, ainda vou chegar onde eu quero.

Ai vem o meu raciocínio. As surpresas que eu recebi, foram de fato quando eu realmente não queria receber surpresas. Pra minha surpresa, tudo que recebi foi de muito bom agrado por mim, e diga-se de passagem, foi bem aproveitado. O lance é que tem presente que não fica, e os que ficam, como manter perto? Ai chegou meu verdadeiro raciocínio. Recebi meus presentes de uma forma que sabia que algum poderia ficar longe de mim de uma hora pra outra. Aliás, se tratando de presentes humanos, pode ter certeza e desconfie, um dia seu presente pode ir embora fácil. Não desistimulando ninguém, nem que toda partida é feita com a intenção de ir embora. Eu mesmo deixei de ter amizades fortes pelo simples fato de ter perdido o contato. Até hoje eu lembro da minha époda de primário que tive um amiguinho de escola chamado Charles. Cresci e saí da escola, e onde está esse Charles? Não sei, nunca voltou pra me dizer onde ele mora. Só sei que os que quiseram ficar, de fato, eu mantenho próximo, seja onde essa pessoa estiver. Escolhi assim, guardando cada um dentro de mim mesmo. Tem gente que eu tenho amizade e está em Brasília, ou sei lá, em São Paulo até, mas estão comigo, sempre. Tem, claro, o calor. Esse por sua vez tá até perto, mas como a vida joga suas surpresas de alguma maneira, nem sempre igual a outra maneira, tá longe ao mesmo tempo. Eu os ouço, eu os vejo, eu os lembro, tudo isso em todos os lugares, não importa onde. Só assim pra mante-los do meu lado sempre, sem precisar de uma simples fotografia, nem nada do tipo. Eu sei que sinto falta, claro, mas como a graça é de fato a surpresa, eu apenas faço vivênciar. Seria muito melhor vivênciar convivendo, mas tudo bem, aceito tudo ao seu tempo. Maldito tempo, já escrevi aqui o quando ele está presente em nossas vidas, mas acredito que eu tanha dito que ele é insuportável. o lance do tempo é que ele trabalha ao lado da vida, na mesma repartição publica, e são chefiados pelo Universo. Com tudo girando em seru torno, tudo que eu poderia desejar é que esse tempo passe logo, e que tudo que me atrapalhe continue trabalhando, mas que não atrapalhe mais ninguém.

Atrapalhos. Até eles seriam uma surpresa? Talvez, mas esses eu faria questão de recusar, se não fossem uma surpresa. Como tudo que se tem na vida é o fato de sentir saudades, sentir nescessidades e sentir desejos, eu sinto saudades por demais, minhas nescessidades estão sendo supridas e meus desejos mandam eu fazer uma loucura na vida, que por sua vez, eu posso muito bem resumir minha vida inteira em loucuras, boas e ruins, claro. Ei sei que no fim das contas, escrevi minha história com participações de várias outras pessoas, e que diga-se de passagem, eu prefiro milhões de vezes assim. Não sou orgulhoso, nem egoísta(pelo menos esse eu tento não sei), por isso mesmo fico feliz em ter alguém, mesmo que por alguns minutos, do meu lado. Eu me conheço, dou valor demais a presença. Gosto de sentir a mão na minha mão. Gosto do abraço do nada. Gosto do gostar e gosto disso tudo de uma vez só. Nem adianta me perguntar a receita de um sorriso bem dado, nem de um bom dia desejado com o coração, porque nem eu sei. Só sei que acima de tudo, eu gosto é de gostar.